As grandes mudanças no consumo de notícias
Photo by Cottonbro @ Pexels
Ao longo da última década, a forma como as pessoas consomem notícias sofreu uma grande transformação, principalmente devido às profundas alterações no panorama dos media. Um estudo do Pew Research Center, sediado nos EUA, realizado em março de 2024, apresenta uma análise pormenorizada da forma como os adultos nos Estados Unidos interagem com as notícias através de quatro plataformas principais: TikTok, X (antigo Twitter), Facebook e Instagram. As conclusões podem ser extrapoladas para os hábitos de sociedades semelhantes. Comparando estes resultados com os hábitos de consumo de notícias em 2014, destacam-se diferenças significativas na utilização e perceção destas plataformas.
Da televisão ao TikTok
Em 2014, os meios de comunicação tradicionais, como a televisão, os jornais e a rádio, predominavam como principais difusores de notícias. As redes sociais começavam a ganhar terreno, mas eram sobretudo utilizadas para socialização e entretenimento. O Facebook e o Twitter eram as plataformas mais importantes para a recolha de notícias.
Em 2024, metade dos adultos norte-americanos recebe notícias das redes sociais pelo menos ocasionalmente. No entanto, as plataformas variam na forma como os seus utilizadores consomem essas notícias. No Facebook, Instagram e TikTok, a maioria dos utilizadores não utiliza estas plataformas para obter notícias, embora encontrem frequentemente informações noticiosas através de artigos de opinião e conteúdos humorísticos relacionados com acontecimentos atuais. O X (antigo Twitter) é a exceção, sendo que a maioria dos seus utilizadores utiliza a plataforma para se manter a par da atualidade. Cerca de metade dos utilizadores do X recebem regularmente notícias nesta rede.
Fontes de informação diversificadas
Em 2014, as notícias nas redes sociais provinham principalmente dos meios de comunicação social tradicionais, que partilhavam os seus artigos nestas plataformas. Os utilizadores também partilhavam links para notícias desses meios de comunicação social.
Em 2024, as fontes de notícias nas redes sociais são mais variadas. No Facebook e no Instagram, os utilizadores tendem a receber notícias de amigos, familiares e conhecidos. No TikTok é mais comum os utilizadores receberem notícias de influenciadores ou de pessoas que não conhecem pessoalmente. No X, os media e os jornalistas são os emissores mais comuns.
Exatidão e confiança nas notícias
Em 2014, começaram a surgir preocupações sobre a exatidão das notícias nas redes sociais, mas não tão acentuadas como hoje. Em 2024, a maioria dos consumidores de notícias nas redes sociais afirma ter visto notícias incorretas pelo menos ocasionalmente. Cerca de um quarto ou mais em cada plataforma afirma encontrar notícias falsas com demasiada frequência.
Melhor ou Pior?
A evolução do consumo de notícias nas redes sociais ao longo da última década provocou mudanças significativas tanto na forma como na qualidade da informação que os utilizadores recebem. Decidir se a mudança é melhor ou pior não é simples e depende de vários fatores. Por um lado, a acessibilidade e a diversidade de perspetivas são vantagens evidentes. As redes sociais permitem que os utilizadores sejam informados quase instantaneamente sobre uma vasta gama de acontecimentos e temas. Além disso, a possibilidade de interação e debate pode enriquecer a compreensão e a participação dos cidadãos.
Por outro lado, desafios como a difusão de informações falsas e a polarização suscitam sérias preocupações. A qualidade da informação pode ser comprometida pela rapidez da difusão e pela falta de verificação, e a fragmentação das perceções da realidade pode exacerbar as divisões sociais e políticas.
Assim, embora as redes sociais tenham melhorado certos aspetos do acesso à informação, também introduziram desafios significativos que têm de ser resolvidos. A responsabilização das plataformas e o desenvolvimento de ferramentas para combater a desinformação são essenciais para maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados ao consumo de notícias na era digital.