Podcasts: por dentro e por fora
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O panorama dos meios de comunicação social tradicionais continua a mudar, com uns a conseguirem reinventar-se, outros a encolher e a ajustar-se e outros a desaparecer. Esta situação tem levado a que os próprios meios de comunicação social, bem como os jornalistas afetados por esta tendência, tenham vindo a procurar alternativas que lhes permitam prosseguir com a sua missão de informar.
Esta realidade tem tido também um forte impacto nas marcas, empresas e agências de comunicação, que analisam constantemente novas formas de chegar aos seus públicos. Nesse sentido, as plataformas digitais assumem-se cada vez mais como uma opção fundamental para as suas estratégias de criação de conteúdos e de comunicação.
Uma das ferramentas que está a gerar cada vez mais atenção e oportunidades para atingir os seus públicos são os podcasts, sejam internos ou externos. A par dos meios de comunicação, também as empresas e instituições estão a criar os seus próprios podcasts, tanto para comunicar com os seus colaboradores como com os seus clientes e públicos externos.
De acordo com um estudo sobre plataformas digitais realizado nos EUA pela Pew Research, metade dos americanos ouviu um podcast no último ano, e a maioria deles consumiu conteúdos noticiosos. Metade dos inquiridos afirmou que obtém as suas notícias através das redes sociais e três em cada dez dizem o mesmo sobre os podcasts.
O México é hoje um dos principais consumidores de podcasts na América Latina. De acordo com estimativas recentes, entre 30 a 40% dos utilizadores da Internet no México ouvem podcasts, o que equivale a cerca de 25 a 30 milhões de pessoas. Este consumo está particularmente concentrado entre os jovens (centenials e millennials), que os reconhecem como um meio mais flexível e acessível de consumir conteúdos.
Portugal não é exceção. Um estudo recente da Marktest mostra que, entre os residentes no Continente com 15 e mais anos, quase um terço diz costumar ouvir podcasts: 28.4% diz fazê-lo, num total superior a 2,4 milhões de ouvintes deste formato.
Por outro lado, um estudo da Gfk Metris para a Impresa revelou que o consumo de podcasts cresceu 33% em seis meses: “Globalmente, 34% dos inquiridos contactam com este meio para uma exposição média diária de 1h10 minutos, mas tal como os restantes new media, observa-se uma clara diferença geracional”, refere o estudo.
Tal como no México, são os jovens das gerações Z e Y quem mais ouve podcasts, tendência que vai diminuindo à medida que a idade aumenta, assim como a percentagem de ouvintes é consideravelmente superior na classe mais alta (47%), enquanto na mais baixa se fica por pouco mais de 10%.
Com a evolução dos ouvintes de podcasts a aumentar de ano para ano, faz sentido que os comunicadores procurem este meio não só como um espaço noticioso, mas também para promover um novo produto ou considerar uma entrevista informativa, dependendo da audiência.
Os vários estudos também mostram que os ouvintes se relacionam com os podcasts de diferentes formas, o que influencia o comportamento fora da plataforma e pode ser encorajador para os profissionais de comunicação. Muitos ouvintes revelaram que viram um filme ou leram um livro devido à influência de um podcast, outros afirmam ter tentado mudar o seu estilo de vida enquanto outros compraram alguma coisa.
Mas não se pense que os podcasts são apenas para organizações B2C ou grandes empresas. Um podcast de nicho, criativo e bem produzido, direcionado para o público certo, pode ter um efeito positivo numa audiência envolvida quase imediatamente.
É por isso que o podcast se tornou uma ferramenta popular também para a comunicação interna, principalmente devido à sua acessibilidade e flexibilidade. Permite aos colaboradoresouvir atualizações, mensagens de liderança e formação a qualquer hora e em qualquer lugar.
Os podcasts internos são mais cativantes e fáceis de consumir do que os e-mails ou documentos extensos, uma vez que apresentam a informação de uma forma mais dinâmica e pessoal. Além disso, podem reforçar a cultura organizacional, gerar um sentimento de pertença e melhorar a comunicação entre as equipas.
Embora as perspetivas sejam promissoras, o podcasting enfrenta alguns desafios, como a concorrência com os meios visuais e de vídeo e a necessidade de mais formação em produção áudio para melhorar a qualidade dos conteúdos.
Mas é inegável que o crescimento do podcast mostra um mercado dinâmico e em evolução, com um público cada vez mais vasto e um número cada vez maior de criadores empenhados.A crescente diversidade de conteúdos e a flexibilidade de consumo colocam os podcasts como uma escolha de eleição para muitos portugueses e aponta para um futuro ainda mais digital.
Manuel Alonso, Presidente do AB Estudio de Comunciación México
Marta Mimoso, Diretora Geral do Estúdio de Comunicação Portugal