Cultura e Gastronomia
A Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau em Lisboa. Foto de Luís Neves
Luís Neves, diretor executivo do Estúdio de Comunicação, participou no curso PRR, Cultura e Gastronomia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Este curso representou uma oportunidade para a equipa do Estúdio de Comunicação fazer uma reflexão crítica e de reforço estratégico do projeto Gastronautas, plataforma de valorização e divulgação da cultura gastronómica portuguesa. A partir do estudo de temas como a transformação das práticas alimentares em Património, a construção da identidade através dos consumos alimentares e a gastrodiplomacia, estamos a reforçar o papel dos Gastronautas nas dinâmicas de comunicação, a nível local e internacional.
O Japão tem o sushi, Itália a pizza e o Perú o ceviche. E Portugal? Para um português talvez a resposta não seja óbvia, a diversidade é grande e falta um discurso unitário. Um estrangeiro se visitar o país na altura dos santos populares poderá responder sardinha (?), no resto do ano provavelmente bacalhau, um peixe pescado numa zona geográfica distante.
Uma coisa é certa, o peixe português é, genericamente, afamado. E isso é reconhecido na Estratégia de Turismo 2027, onde se destacam também como ativos qualificadores, “chefs internacionalmente reconhecidos e (...) vários restaurantes agraciados com estrelas Michelin (...) prémios alcançados pelos vinhos portugueses (...)”. É pouco para uma das mais ricas gastronomias do mundo, do papel identitário que possui e do potencial turístico.
Portugal, a par da Espanha, Itália, Grécia, Marrocos, Chipre e Croácia inscreveu a Dieta Mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade. O título é dado pela UNESCO, atribui valor adicional e dá visibilidade. Mas na prática, a classificação teve pouco impacto local e turístico.
Que caminho seguir, então?
Começar por debater o que devemos promover e como fazê-lo...
Aproveitar a diversidade e torná-la um produto turístico, é uma possibilidade. Ter uma estratégia e criar familiaridade, um desígnio.
Estudar os bons exemplos de uso de “soft power” de países como a Tailândia ou a Coreia do Sul, uma obrigação. Integrar a diplomacia na gastronomia e dar força a projetos como os Gastronautas, um dever.