Fake News: a guerra da desinformação
Photo by Anna Shvets
A invasão russa da Ucrânia tem demonstrado, mais uma vez, como a desinformação é uma arma poderosa na definição da geo-estratégia mundial. Vídeos realistas, “streams” falsos do TikTok e imagens antigas reaproveitadas como sendo de episódios da atualidade não matam civis, mas fazem parte da propaganda que os regimes usam para apoiar as suas causas e líderes.
Um vídeo, em particular, está a circular com grande impacto nas redes sociais e foi partilhado pela organização de meios FR News Now, tendo milhares de likes e retweets. "Volta para o teu país" tornou-se viral e mostra uma jovem "ucraniana" confrontando um soldado "russo". Mas na verdade trata-se de Ahed Tamimi, uma menina palestiniana que enfrentou heroicamente um soldado israelita em 2012.
A reutilização de vídeos e fotografias antigas é uma táctica comum de desinformação e tem vindo a ser utilizada como arma, nas redes sociais, e não é em contextos de guerra e invasão, como o que vivemos agora.
Perante a avalancha de notícias que inunda as redes sociais, pode ser difícil saber quando é que uma notícia é fidedigna ou não. Para validar a veracidade das informações que nos chegam diariamente, é importante seguir as seguintes dicas:
Ler a informação completa da notícia e não apenas o título
Verificar datas, locais ou nomes
Comprovar se vem de uma fonte credível / fiável de informação
Identificar se outros também falam sobre o tema
Perguntar a especialistas
Analisar as imagens
Consultar as páginas de verificação de informação
Também podem ser usadas ferramentas de verificação como as que a seguir destacamos:
InVid – Este plugin gratuito e de código aberto que se pode incorporar no Google Chrome permite verificar a fonte de vídeos e imagens partilhados nas redes sociais.
Fact-check Google – Disponibiliza uma ferramenta de pesquisa reversa de imagens que permite fazer upload de uma fotografia, rastrear imagens idênticas ou semelhantes e, assim, saber quando foi tirada.
Factcheck.org – De carácter internacional, este website de verificação dedica-se a investigar e identificar as informações fraudulentas que têm lugar nos Estados Unidos. Centrada especialmente em questões políticas, conta com vários apartados para comprovar a informação.
TinEye – Esta ferramenta integra um motor de busca de imagens no qual se pode inserir uma fotografia de uma notícia e encontrar a sua origem, ou seja, permite verificar se corresponde ou não à informação fornecida.
Maldita.es – Sob o lema 'jornalismo para que não te enganem', este site espanhol reúne as notícias falsas mais difundidas nas redes sociais e nos media tradicionais, explicando porque não são reais.
Newtral – Criada pela jornalista espanhola Ana Pastor em 2013, tem por base os princípios da técnica jornalística do fact-checking.
Polígrafo – Criado em 2018, é o primeiro jornal português de fact cheking, cujo principal objetivo é o de apurar a verdade – e não a mentira - no espaço público. Em 2019 chegou à televisão com o formato Polígrafo SIC.
Observador Fact Check – Espaço da Rádio Observador para o combate à desinformação. Em 2020, a TVI fez uma parceria com o Observador, o primeiro órgão de comunicação social nacional a integrar a International Fact-Checking Network (IFCN), do Poynter Institute for Media Studies, criando o formato Hora da Verdade.
A desinformação está aí. Há que estar atento, ser crítico e combatê-la com as armas que temos: rigor, literacia, informação, bom senso no uso das redes e jornalismo de qualidade.
Por Esther Almendros, Consultora Sénior de Estudio de Comunicación Madrid, e Marta Mimoso, Directora Geral do Estúdio de Comunicação, Lisboa